
Presidente da Anasps Alexandre Barreto Lisboa fala sobre a extinção do Ministério da Previdência Social e a vinculação com a Fazenda
Presidente, existem fortes especulações de que o governo Temer vai acabar com o Ministério da Previdência Social e vincular os trabalhos à Fazenda. Qual a avaliação da Anasps?
Eu
acho péssimo para sociedade, para o país, inclusive do ponto de vista
internacional. Não existe, em nenhum lugar do mundo, em que a Previdência seja
um apêndice de algum outro ministério que tem uma política totalmente
diferente. Previdência, como eu sempre falo, é um grande programa de
distribuição de renda, é uma prevenção contra as incertezas, que teve uma
conquista ao longo dos anos. Ela vem se desenvolvendo desde a época de Elaine
Chaves, foi um processo, não se cabe da noite para o dia você dizer que vai
extinguir um ministério tão importante. Já foi muito ruim a incorporação ou a
fusão do Ministério da Previdência com o Ministério do Trabalho, que na verdade
foi quase uma incorporação porque o antigo ministro que saiu não tratava de
Previdência, sequer quis receber a entidade e repassava para área específica.
Ou seja, isso mostra um descaso com a população. A Previdência Social
brasileira através de seu ministério e de sua autarquia, o INSS, faz um
trabalho de capilaridade enorme, de condições continentais. Ela presta um
serviço para toda a nação, em todos os pontos, então não pode ser tratado no
meio de tantas políticas. É necessário que você tenha alguém específico,
estudioso, técnico que desenvolva uma política própria. Ela não pode ficar
atrelada a ninguém, somente à Presidência da República.
Se
esse fato for concretizado (publicação do Ato presidencial), quais serão as
medidas adotadas pela entidade?
A
entidade acabou de se reunir com a Confederação Brasileira de Direitos dos
Aposentados, a Cobap, para que servidores e clientela, ou seja, as duas partes
dessa equação trabalhem juntas contra qualquer tentativa de se extinguir uma
pasta tão importante, contra qualquer tentativa de dado o tratamento, de
minimizar, de diminuir a capacidade do enfrentamento da política como tem que
ser, contra qualquer tentativa de incorporar e criar uma política econômica
como se fosse um apêndice e não como razão de ser de proteção à população.
O
senhor visualiza algum benefício nessa possível mudança?
Eu
não vejo nenhum benefício nessa mudança. Eu acho que qualquer discussão,
qualquer melhoria é válida. Qualquer discussão que seja para melhorar a Casa é
necessária. Porque no Brasil se fala em reforma e reforma sempre foi sinônimo
de prejudicar e de tirar direitos. Eu acho que reforma é tentar melhorar, é
trazer toda a sociedade para uma discussão para ver o que é melhor, é
conscientização para que ela não acabe. Então, quando você tenta suprimir o
órgão significa que a reforma só vem para pior porque se fosse uma reforma
benéfica para o país e para a sociedade se traria através de uma pasta, alguém
com capacidade técnica assumiria essa pasta, faria um debate aberto com a
população, conscientizaria todo mundo da necessidade dessas reformas e aí sim,
já que o país está tentando ir para um momento melhor teríamos um resultado
positivo para todos.
Diante
de toda essa situação, qual o posicionamento da entidade referente a essa
enorme discussão?
A
Anasps vai brigar em todas as trincheiras possíveis e inclusive no Judiciário
para evitar qualquer tentativa de se extinguir um órgão tão importante. Veremos
as inconstitucionalidades cometidas e, se forem cometidas, entraremos com ações
diretas de inconstitucionalidade, promoveremos debates com a população,
estimularemos inclusive o ingresso com ações populares para evitar esse ataque
a Previdência Social pública. Faremos uma conscientização junto aos parlamentares,
faremos mobilizações com as entidades civis organizadas para que a Previdência
melhore, não acabe.
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